Dizem que quanto mais velho, mais gostoso fica. Surrado, desbotado, com cadarço de cores diferentes. Cada um tem seu próprio jeito de usar ALL STAR, o tênis que não sai dos pés de muitas gerações. Jovens e adultos, universitários, roqueiros, profissionais liberais e celebridades, o ALL STAR é sucesso em todas as tribos. Não é de hoje que famosos exibem seus pares. Companhia para todas as ocasiões há quem afirme que não vive sem ele.
A HISTÓRIA
A história de um dos maiores ícones americanos, e posteriormente mundial, começou quando Marquis M. Converse fundou a empresa Converse Rubber Company em 1908, na cidade de Malden, estado do Massachusetts. Em 1917, a empresa lançou uma linha de calçados esportivos, incluindo o tênis feito de lona e sola de borracha que revolucionou o basquete criando um calçado inovador para a época, o mundialmente famoso CONVERSE ALL STAR, com o selo de estrela na lateral. Em 1921, Charles “Chuck” Taylor, jogador universitário que logo se tornou profissional, juntou-se a Converse e colocou novas idéias para uma versão do ALL STAR. Ele mudou o desenho da sola para criar mais tração, adicionou uma proteção no calcanhar para melhor apoio e proteção ao tornozelo dos jogadores. Lançado em 1923, o CONVERSE ALL STAR com sua assinatura foi um sucesso instantâneo, sendo o único tênis usado por todos os jogadores de basquete, quer seja profissional ou universitário.
O tênis foi o primeiro modelo produzido para o mercado de massa norte-americano e rapidamente toda a América sucumbe ao modelo que passa a ser o tênis oficial dos jogadores de basquete americanos. O design básico, o conforto, a durabilidade e funcionalidade foram características que determinaram a escolha do CONVERSE ALL STAR como calçado oficial das forças armadas americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1947 o ALL STAR só era encontrado na tradicional cor preta. Mas isso mudou com o lançamento do tênis na cor branca, criando assim mais uma opção básica para seus consumidores.
O sucesso continua e nos anos 50 e 60, estrelas de cinema e do rock adotam o ALL STAR. James Dean não saía jamais sem os seus durante a filmagem de “A Fúria da vida”. Bruce Springsteen, Graham Nash e Eddie Van Halen eram vistos utilizando ALL STAR em seus shows. Até 1955, cerca de 100 milhões de espectadores assistiam aos jogos da NBA e o CONVERSE ALL STAR Chuck Taylor tornara-se o calçado número 1 na América. Na década de 60, Hollywood se encanta e utiliza cada vez mais seus produtos no cinema. A distância entre os mundos do esporte e da moda começa a se apagar. Outras marcas iniciaram o desenvolvimento de calçados com tecnologia mais avançada e em materiais mais adequados ao basquete. A empresa responde a esta demanda agregando cores e materiais como o couro; e lançando em 1966 a versão cano curto (conhecida como Oxford) e em cores variadas. É o começo de uma nova história. O ALL STAR firmou seu espaço nos anos 70, quando ganhou definitivamente os pés do rock n´roll. Apesar disso, ALL STAR sentiu a ameaça de perder seu lugar estrelado frente ao crescimento de marcas como Nike, Reebok, Puma e Adidas. Mas o tênis seguiu sua trajetória impulsionada pelo LIFESTYLE.
Foi febre nos anos 80, época da moda “vários em um”. O tênis manteve o modelo clássico, mas a sola era ligada com um zíper à parte de cima, dando a possibilidade de 3 ALL STAR em 1. Também foi lançado o modelo original em couro – chamado de All Star 2000 – e que se tornou um sucesso entre os consumidores, vendendo mais de 1.000.000 de pares. Nesta década algumas personalidades entraram para a história como adeptos dos tênis, entre eles o roqueiro Kurt Cobain, do Nirvana (foto abaixo), e os integrantes do Ramones, que acabaram arregimentando usuários entre os fãs de suas bandas. Em 2001, a Converse sofreu com altas dívidas e seus títulos chegaram a valer menos de US$ 1 na Bolsa de Valores. Tal queda lhe valeu lugar no capítulo 11 da lei americana de empresas em falência. Foi neste momento que a CONVERSE foi assumida pelo fundo americano de Footwear Acquisition por €125 milhões. A produção começou a ser realizada na Ásia, e as filiais estrangeiras foram fechadas e convertidas em distribuidores e passaram a ter contratos de licenciados.
Kurt Cobain |
A empresa foi comprada pela Nike em 2003 por US$ 305 milhões, quando ainda enfrentava enormes dificuldades financeiras, basicamente pelo valor da marca ALL STAR. Para a Nike, a compra da empresa iria ajudar a ocupar um espaço que a marca ainda não conseguiu tomar: tênis de preço mais baixo. Nos anos seguintes, aos poucos a marca ALL STAR foi reconquistando ex-clientes e outras várias gerações. Outro fator importante para a marca voltar a ganhar força no mercado foi a distribuição. Rede seletiva para distribuir o produto, valor agregada à marca e a comunicação, além de trabalhar com formadores de opinião. Rapidamente o produto voltou a se tornar um básico, um ícone de juventude descolada e moderna. Hoje, com um nome que pesa mais de US$ 2 bilhões em vendas, a líder de calçados esportivos resgatou definitivamente a marca ALL STAR. Não apenas salvou a marca, como transformou o tênis de bico branco em líder entre os varejistas de muitos países. Em 2008 o tradicional tênis completou um século de existência. Embora a idade, a marca de tênis, uma verdadeira estrela no segmento, vestido jovens e velhos, homens e mulheres, crianças de todos os países, nunca foi tão popular e moderna, mesmo tendo que lutar hoje contra a falsificação. Assim assim, a cada ano, centenas de milhões de pares são vendidas no mundo, 30.000 por semana, segundo a marca. Mais do que uma moda, ALL STAR é uma epidemia.
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